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terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Privatização da Dilma


A Marilena Chaui sou eu
DE SÃO PAULO
Como pude ser tão inexperien­te. Demorei a concluir o ra­ciocínio, a organizar o pen­samento e a juntar dois mais dois, mas cheguei lá. As peças agora se encaixam. Agora eu consigo ver o Roberto Jefferson e o Zé Dirceu se abraçando e rindo. Os tapinhas nas costas rolando soltos entre quem investigou e quem foi investigado.
Agora vejo Quim Barbosa, alonga­daço, tomando um uíscão relax no seu gabinete na gloriosa compa­nhia de Ricardinho Lewandowski.
Apalpo a alegria de ambos, a amiza­de que os une e a cumplicidade compartilhada no comentário so­bre os momentos mais dramáticos do dia vivido na Corte. O teatro terá sido fabricado para surtir efeito na frente das câmeras.
Naquele mes­mo momento, não muito longe da­li, Marcos Valério e Duda Mendon­ça se reúnem depois dos extenuan­tes trabalhos no STF em algum sa­lão privado do Piantella, o restau­rante point do advogado Kakay (balão, aqui na minha mão) para ensaiar o dia seguinte.
Caiu a ficha, meu horizonte cla­reou: o mensalão foi apenas um fac­toide inventado pelo PT. O chama­do "maior escândalo político da história" e o intricadíssimo julga­mento que somos obrigados a as­sistir dia após dia na TV, com seus depoimentos, seus empréstimos forjados
para cá, seus contratos fic­tícios com agências de publicidade para lá e sua grana de estatais pulu­lando acolá, não passa de pretexto.
O novelão que culminou na ação penal 470 e vem ocupando as aten­ções do país nos últimos sete anos nada mais é do que uma grande far­sa criada por Lula e seu ex-chefe da Casa Civil, Zé Dirceu, com a ajuda de membros dos partidos aliados.
Foi tudo feito para encobrir o lan­çamento, no nono ano do PT no poder, do maior e mais audacioso pla­no capitalista de que se tem notícia. Os barbudos não brincam em ser­viço. Bem que eles avisaram.
Se tivesse sido lançado por Rea­gan ou, digamos, Collor, o pacote anunciado por Dilma na última quarta já seria considerado de uma ousadia tremenda. Mas só mesmo no Brasil um governo que se autointitula de esquerda conse­guiria fazer Stálin, Ceausescu, En­ver Hoxha, Pol Pot e Kim
Il-Sung (pai e filho, veneradíssimos) pular dobrado e bem mais alto sobre as brasas daquele lugar onde ora pas­sam a eternidade.
Só no Brasil a esquerda seria ca­paz de rasgar "O Capital" ao meio (haja músculo), mandar a tradição do sindicalismo catar coquinho na ladeira e constranger a Marilena Chaui em caminho de ida sem vol­ta. O que ela vai dizer para as negas dela agora, gente? O que, pelo amor
de Deus?
Tentará a professora ale­gar que concessão não rima com privatização? Dirá que os desvali­dos também têm urgência de viajar de avião e que em razão dessa pre­mência tão real e palpável, nascida na região do diafragma, o governo se dispôs a privatizar absolutamen­te todos os aeroportos do país? Ai que dor, Marilena!
O Plano Dilma levanta suspeitas de que só os "amici" serão benefi­ciados pelo tutu das viúvas e em­préstimos do BNDES. Nada disso. Estamos falando da maior ejacula­ção capitalista desde que a Dama de Ferro se deitou pela primeira vez com Dennis Thatcher naquele lon­gínquo
pós-guerra.
Daquele encontro nasceu uma parceria que mudou os destinos da humanidade e da economia de livre mercado. Deste agora, quem muda sou eu, que me igualo a Marilena Chaui na certeza absoluta de que o mensalão nunca existiu. Foi tudo uma farsa criada para que os fins justificassem os meios.

fonte:http://www1.folha.uol.com.br/colunas/barbaragancia/1138654-a-marilena-chaui-sou-eu.shtml

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