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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Copa, política, capital/trabalho



A esta altura dos acontecimentos da Copa de 2014 pouca gente ainda tem a ilusão de que o evento da FIFA traga alguma benesse para o povo brasileiro. O tal legado da Copa, que seriam as obras de mobilidade urbana, simplesmente eram mentira. O governo federal chegou a prometer até o trem bala para o evento. Os corredores viários que seriam criados nas cidades-sedes também foram conversa pra boi dormir.
            Segundo estudos, esta é a Copa do Mundo mais cara da história e a que mais injetou dinheiro público. Se a população tivesse alcance aos dados, a Copa não teria mais sentido para o povo brasileiro. São os esforços da classe trabalhadora brasileira que está bancando 85% dos gastos de cerca de R$ 30 bilhões das obras. O custo total é desconhecido porque os dados estão sob sigilo da Lei Geral da Copa. Agora sabemos que R$ 2 bilhões foram anunciados como gastos de segurança, armamento pesado para conter manifestações.
O governo de São Paulo teve a cara de pau de comprar tanques de água para dispersar multidões quando os paulistas estão prestes a enfrentar racionamento de água, o que já ocorreu em Guarulhos. Já as tais parcerias público-privadas simplesmente serviram para transferência de renda do governo, ou seja, dinheiro público para as construtoras e diretorias de clubes, que ganharam estádios faraônicos a custos ainda mais faraônicos.
8.350 famílias foram removidas de suas casas só no Rio de Janeiro. Foram mais de 170 mil despejos em todo o Brasil. As principais acusações contra as remoções foram as formas violentas como foram feitas. As casas eram marcadas um dia e demolidas no dia seguinte a força. Muitas casas foram invadidas, inclusive, pela polícia para pressionar os moradores a aceitarem a ordem de despejo.
A propaganda oficial de geração de empregos foi outra farsa. Esses postos de trabalho são precários e terceirizados, ocasionando inclusive mortes. Das obras aeroportuárias, só a ampliação do aeroporto de Guarulhos saiu do papel, mas custou sangue e suor de muitos trabalhadores. 111 deles foram resgatados da obra por causa das condições – classificadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego – degradantes, ou seja, análogas ao trabalho escravo.
Há o agravante de a exploração ter sido financiada com dinheiro público. A construtora responsável pela obra é a OAS, que conseguiu um empréstimo-ponte de R$ 1,2 bilhões do BNDES na privatização do aeroporto pelo governo federal. A OAS é uma das quatro empresas do consórcio Invepar que detêm 51% da sociedade com a Infraero para a administração do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Segundo levantamento do  jornal Folha de São Paulo, a OAS é a terceira empresa que mais faz doações a candidatos de cargos políticos.
            Para oprimir as mobilizações, tanto o governo federal como os governos estaduais, principalmente os de São Paulo e do Rio de Janeiro, já colocaram tropas com o dedo no gatilho para atacar os manifestantes.

“O tiro saiu pela culatra”
O governo federal legítima o estado de exceção criado para beneficiar a FIFA com a ilusão de que o eleitor se entorpeceria com o evento em ano de eleição. A juventude tomou as ruas do país em junho de 2013 e tomou a bola. Os protestos não pararam e o governo jogou o aparato de repressão do estado contra o povo.

            Não há duvidas de que as pessoas têm o direito de torcer na Copa do Mundo, mas há que se garantir o direito à livre manifestação de quem é contrário à barbárie com o dinheiro público, o que, para o desespero de nossos governantes, são centenas de milhares de manifestantes!

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