Companheiros e
Companheiras,
Estamos quase no início de novembro e não avançamos nas negociações com
o Setor Patronal das Engarrafadoras de Gás. O setor nega que não esteja
interessado em negociar, mas é contraditório nas propostas.
· Começaram a negociação
propondo índices abaixo da inflação;
· Continuam a oferecer valores
nas cláusulas econômicas muito aquém de nossas necessidades;
· Não discutem as cláusulas sociais;
· Insistem em oferecer
Participação nos Lucros e Resultados muito abaixo dos valores pagos nos anos
anteriores;
· Repassaram aumento de mais de
8% ao consumidor final com o preço do botijão a R$ 50,00 na portaria;
· A Ultra está negociando a
compra da multinacional Butagaz por US$ 1,5 bilhão, usando nosso dinheiro;
· As evidências demonstram que instaurando o
dissídio o setor patronal tem possibilidade de ir chorar incentivos fiscais
para o governo federal a fim de que o governo pague a conta de sua
incompetência na gestão de mercado.
Para lembrar: a nossa
entidade, junto com os sindicatos de Santos e do ABC, tentou negociar com o
grupo Ultragaz no primeiro semestre e
encaminhar as negociações da PLR 2012. Para nossa surpresa, a empresa
comunicou a todos os seus empregados que iria aplicar um pífio adiantamento de
40% da PLR no dia 15 de agosto.
Em assembleia, pudemos confirmar
a revolta dos companheiros ao concluírem que a empresa estava se preparando
para a traição. A previsão se confirmou e o Grupo Ultra pagou, à revelia dos
trabalhadores, os 40% de adiantamento da PLR e anunciou sua associação ao
sindicato patronal Sindigás para as negociações da data-base de setembro de
2012.
Nossa entidade vinha
desde a data-base de setembro de 2011, em parceria com os outros dois
sindicatos co-irmãos, tentando a negociação do ACT em conjunto. Em Mesa Redonda
na Delegacia do Trabalho em São Paulo, ficou acertado que a negociação de 2011
não se daria em conjunto, mas que seria em conjunto a negociação da data-base
de setembro de 2012.
Todo este tumulto tem
um sentido: indo para a negociação com o Sindigás, a empresa quer acabar com os
benefícios e garantias dos Acordos Coletivos anteriores, como: hora extra 100%
e demais benefícios conquistados com muita luta, e ainda usar esse “lucro” para
seus investimentos sem mexer R$ 1,00 no bolso dos acionistas.
Os Sindicatos já
procuraram a empresa para garantir que os trabalhadores pelo menos não percam
os benefícios dos acordos anteriores. Lutamos
por um acordo, mas os representantes das empresas - intransigentes que são –
negam-se a qualquer acordo que venha a beneficiar os seus empregados. Ainda
assim, as entidades sindicais insistem no processo negocial. Depois de muito
insistirmos, conseguimos agendar nova reunião para o dia 17 de outubro, às 10h. Fomos pra negociar ficamos até as 9 horas da noite e tudo que ouvimos foi um grade NÃO.
Defendemos a
necessidade de melhorar as cláusulas sociais, muitas sem custo econômico,
inclusive, porque grande parte das cláusulas beneficiam a produção. O que
assistimos é sempre o atraso do setor que, além de não investir em tecnologia,
não investe na formação de seus empregados, muito menos na qualidade de vida no
ambiente de trabalho dos mesmos:
· Trabalho a Céu Aberto: Empresas que
possuam plataformas e depósitos nas condições expostas devem se adequar a
coberturas capazes de proteger os empregados.
Gente, estamos entrando
em 2013 e temos ainda que implorar direitos humanos? É crueldade companheiros batendo botijão em
baixo de sol e chuva. É o cúmulo os patrões não terem a disposição de pensar em
abrigar os seus empregados.
· Vale-combustível: R$ 300,00 aos empregados que
não conseguem fazer uso do transporte público. É de conhecimento da gerência
que em grandes metrópoles o transporte público está falido. Muitos de nossos
companheiros compram carro parcelado em
até 60 vezes para ir ao trabalho e cumprir a jornada diária. O empregado tem
hora pra chegar e se chega atrasado a empresa desconta, mas não tem hora pra
voltar pra casa, pois o destino do trabalhador, depois de cumprir a jornada de
trabalho, e várias horas extras mal remuneradas, muitas vezes, é buscar
formação profissional, retornando a seu lar tarde da noite. O que não é justo é
que fiquem com todo o ônus dessa locomoção. Vale combustível já!
· Hora Extra 100% de Segunda a Sexta e 120% aos sábados, domingos e
feriados:
O trabalho nas Engarrafadoras de Gás é pesado. É desumano o trabalhador
ser penalizado por fazer hora extra e receber menos que o custo de sua hora
diária. Depois que adoece e é afastado para tratamento, ninguém quer assumir a
culpa, nem Previdência nem a empresa. Hora extra bem remunerada agora!
· Empregada Gestante: estabilidade de
180 dias após o término da licença-maternidade.
Mais uma cláusula sem custo. Queremos garantir que a empregada possa
voltar tranquila para o trabalho, já que muitas vezes a companheira volta sendo
assediada moralmente com piadinhas de que vai perder o emprego. Alguns
companheiros são obrigados a lhe virarem as costas a mando do chefe. Precisamos
garantir a tranquilidade da mãe trabalhadora em seu retorno. Na defesa desta
cláusula na mesa de negociação, as próprias mulheres foram encaradas com
piadas, com alegação de que assim a mãe trabalhadora vai ficar tendo filho pra
continuar na estabilidade. É o fim dos tempos!
· Assédio Moral: Criar ações efetivas
para conter os casos de assédio. É direito dos trabalhadores estarem em um
ambiente de trabalho saudável e humanizado. As próprias empresas reduzirão
futuros custos processuais ao instituírem a humanização no trabalho.
Treinamento adequado e punição exemplar a quem vier a ocupar cargos com peso
hierárquico e cometer assédio.