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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Milhares de pessoas marcham por Pinheirinho

Especuladores imobiliários pagaram para eleger os seus representantes em São José



A solidariedade da classe trabalhadora colocou milhares de pessoas, ontem, quinta-feira, 2, marchando em prol das famílias do Pinheirinho. Os trabalhadores pobres da ocupação foram desalojados violentamente do local no dia 22 de janeiro. A Polícia Militar do governador Geraldo Alckmin invadiu o bairro contra determinação da justiça federal, sitiou a zona sul da cidade e não economizou nas balas de borrachas e bombas de gás lacrimogêneo contra as mais de 1600 famílias que moravam no local.

O ato nacional realizado em São José dos Campos contou com delegações representando trabalhadores de vários estados, como: Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, de regiões do nordeste e norte, de muitas cidades do interior paulista. O movimento sindical e social do Vale do Paraíba compareceu em peso. Todos os setores combativos da classe trabalhadora se uniram para prestar solidariedade às famílias do Pinheirinho e exigir da presidente Dilma a imediata desapropriação da área para a construção de casas populares. Caravanas não paravam de chegar a todo o momento de todas as regiões do estado. Também estiveram presentes parlamentares do PSOL, como: o deputado federal Ivan V alente (SP) e Chico Alencar (RJ), e outros representantes políticos.

A manifestação seguiu pelo centro da cidade e, após percorrer 3,5 km, concentrou-se no Paço Municipal, onde fica a prefeitura da cidade, e ao lado da Câmara Municipal de vereadores. Cerca de três mil pessoas marcharam cantando, entre outras palavras de ordem, “Dilma, qual é a sua decisão? O Pinheirinho é nosso ou da especulação?”.

A solidariedade de classe também se fez presente na demonstração de apoio recebida das pessoas que estavam em prédios, ônibus, carros e pedestres que viram o movimento. Cresce o sentimento de solidariedade ao povo trabalhador do Pinheirinho! É a essa a mensagem do ato unificado que foi levado ao prefeito e aos vereadores, que, para fugir do contato com a população, impediram o funcionamento da prefeitura e da Câmara no momento do ato.

Foi essa mesma Câmara Municipal, em que 17 dos 21 vereadores dizem amém ao prefeito, que tentou nestes oito anos da ocupação impor uma lei fascista para impedir o acesso dos moradores do bairro à escola, hospital e creches da cidade. Ou seja, sob as ordens da prefeitura do PSDB, que comanda a cidade há 16 anos, a Câmara tentou isolar as famílias do Pinheirinho do resto da cidade. Essa lei não pegou porque é inconstitucional e mostrou mais uma vez o que os políticos a serviço do capital são capazes de fazer para atacar os trabalhadores.

Hoje, as famílias do Pinheirinho estão largadas em quadras esportivas da cidade, que o prefeito e o governador do PSDB chamam de “abrigo”. A prefeitura se nega a cadastrar todos os moradores do Pinheirinho no programa de aluguel social e o governador empurra a situação pra frente de olho na eleição deste ano. Até cinco mil casas populares na cidade o governador prometeu, quando em todos esses oito anos de ocupação a prefeitura tucana só fez casas populares para os trabalhadores que estavam no caminho da especulação imobiliária e foram removidos de suas casas. Todo mundo sabe que o ramo imobiliário manda em São José dos Campos e não existe local no município em que caibam cinco mil c asas. Não existe mais terreno à venda. Por isso, a presidente Dilma pode desapropriar a área e começar a resolver o problema do déficit habitacional na cidade. As famílias do Pinheirinho já estavam assentadas. O bairro pode ser regularizado e receber ainda muitas outras famílias, já que a falta de moradias afeta 26 mil famílias da cidade.

Ainda há o agravante de que a área pertence a uma empresa falida do criminoso financeiro Naji Nahas. O terreno tem uma dívida de mais de R$ 15 milhões em impostos não pagos à prefeitura. Contudo, a mesma justiça dos ricos que nunca garantiu ou se importou pelo direito constitucional destas famílias à moradia, acaba de dar mais um golpe em todos os trabalhadores da cidade. A empresa falida Selecta do Naji Nahas conseguiu na Justiça o abatimento de R$ 1,6 milhão de seus débitos junto à Prefeitura de São José. Nesta picaretagem da justiça, a dívida de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) caiu de R$ 15,1 milhões para R$ 13,5 milhões. Essa é a ju$tiça que serve os rico$.

O prefeito Eduardo Cury, o governador Geraldo Alckmin, a juíza Márcia Loureiro de São José, o desembargador do TJ-SP Rodrigo Capez parecem que estão de mãos dadas para crucificar trabalhadores pobres e enriquecer ainda mais os ricos, mesmo que esses sejam criminosos. Tá valendo tudo para fazer a alegria dos capitalistas e da especulação imobiliária que manda na cidade.

Por falar nisso, na última eleição municipal, em 2008, o PSDB de São José recebeu R$ 427 mil de 22 empresas do ramo imobiliário. São construtoras, loteadoras e especuladores imobiliários apo$tando na eleição de seus representantes na prefeitura e na Câmara Municipal.

O desembargador do TJ-SP Rodrigo Capez, que disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim que nem sabe quem é o criminoso Naji Nahas, veio pessoalmente a São José coordenar o massacre armado contra o povo do Pinheirinho para defender os interesse$ do irmão dele, o deputado tucano de São Paulo Fernando Capez. O deputado também foi eleito pela especulação imobiliária. Quinze empresas do ramo doaram R$ 424.462,02 para a campanha do deputado, 38% de tudo o que ele arrecadou (R$ 1.114.443,90). Ou seja, é mais um defensor da especulação imobiliária.

Na ação de desocupação, o desembargador Rodrigo Capez ordenou a continuidade das ações, apesar de uma liminar da Justiça Federal colocar um impasse jurídico, só resolvido pelo STJ no dia seguinte à reintegração de posse.

Vale ainda dizer que os especuladores imobiliários também fazem parte da Câmara. Há vereadores do PSDB e da base do prefeito que são empresários do setor e já fizeram lobby para várias modificações na lei de zoneamento da cidade para atender aos interesse$ da especulação. São os representantes das construtoras no poder público.

Enquanto isso, segue a tragédia das mais de 1660 famílias retiradas do local, segue o déficit habitacional, segue a falta de moradias populares e sobra politicagem barata do PSDB e do capital para empurrar a sujeira contra os trabalhadores pobres para debaixo do tapete e não perder pontos nas eleições.

Por isso, a luta continua! E a exigência para o governo federal é a desapropriação do Pinheirinho para a construção de moradias populares no local. Não à especulação!

Emerson José

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